Na cidade italiana de Bergamo, duas educadoras de infância e um padre responsável pelo Seminário são acusados de abusarem de crianças que têm a seu cargo. Instala-se o circo na cidade e todo o processo judicial servirá de manancial para as estações televisivas e imprensa escrita. Instalado o pânico, toda a Itália segue apaixonadamente o caso de Bergamo. No seu romance de estreia em Portugal, este é o ponto de partida para Antonio Scurati: questionar o mediatismo irracional que envolve estes casos mais suculentos que perturbam o nosso quotidiano. Ao longo da narrativa na primeira pessoa, o autor tem o dom de nos tornar testemunhas dos acontecimentos, confrontando-nos com uma sociedade assombrada pelo fantasma de um medo paralisante que finta toda e qualquer razoabilidade. No meio desta espiral, em que a ficção é intercalada com notícias reais, Scurati pergunta pela responsabilidade dos media na exploração do medo e da curiosidade mórbida que transformam uma crónica da vida privada numa obsessão contagiante que toma de assalto um país…
Antonio Scurati nasceu em Nápoles, em 1969. É professor e investigador na Libera Università di Lingue e Comunicazione, na IULM de Milão, cidade onde reside actualmente. Em 2003, o seu ensaio Guerra. Narrativa e cultura na tradição ocidental foi finalista do Prémio Viareggio. Em 2005, o seu romance O sobrevivente foi vencedor ex aequo da XLII Edição do Prémio Literário Campiello. Colaborador assíduo do semanário Internazionale e com o jornal diário La Stampa, tornou-se conhecido do grande público com a participação no programa televisio Parla com me, com a rubrica Lettere dal nord. Em 2009 publicou o título agora traduzido, A criança que sonhava com o fim do mundo, e que foi finalista do prémio Stregga.
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